segunda-feira, 8 de agosto de 2011

"Para os fracos, fiz-me fraco, a fim de ganhar os fracos. Tornei-me tudo para todos, a fim de salvar alguns a todo custo". (I Cor 9, 22)



Estamos acostumados a ver em Paulo um homem intransigente, duro, capaz de levantar a voz contra Pedro; capaz de brigar acaloradamente com Barnabé por opiniões pessoais. São Paulo era sim um homem de caráter forte, apaixonado por Cristo e pela extensão do seu Reino, mas detrás desta dureza pode-se encontrar o homem humilde e reconhecedor das suas limitações.

A humildade, depois da caridade, é a virtude mais característica do Cristão. O próprio Cristo nos deu esta ordem: "Tomai sobre vós o meu jugo e aprendei de mim, porque sou manso e humilde de coração, e encontrareis descanso para as vossas almas" (Mt 11, 29). Não obstante, esta virtude não é fácil, requer muito sacrifício e abnegação, sobretudo num homem de caráter firme e intrépido como o de São Paulo.

Como todas as virtudes, a humildade é fruto do amor a Cristo, é fruto da entrega, mas sobretudo é fruto da graça e da misericórdia de Deus. Sabemos que São Paulo pode ser definido, principalmente, como um homem apaixonado por Cristo: "Mais ainda: tudo eu considero perda, pela excelência do conhecimento de Cristo Jesus, meu Senhor" (Fil 3, 8). É este amor a Cristo, este desejo de ser como o Mestre que leva o Apóstolo a viver a humildade.

Nas cartas de Paulo podemos encontrar, unido à sua enérgica direção pastoral, o reconhecimento das suas limitações e dos erros do seu passado: "A mim, o menor de todos os santos, me foi dada esta graça de anunciar aos gentios a insondável riqueza de Cristo" (Ef 3, 8); "Pois sou o menor dos apóstolos, nem sou digno de ser chamado apóstolo, porque persegui a Igreja de Deus." (I Cor 15, 9) etc. São Paulo não nega que foi um perseguidor da Igreja de Cristo, ainda que isto pudesse lhe causar grande vergonha ou até mesmo ser motivo de reprovação por parte dos outros cristãos. O Apóstolo, porém, parece não se importar com as consequências das suas palavras. Tudo o que busca é a Glória de Cristo e a extensão do seu Reino no mundo.

Nem mesmo as próprias dificuldades pessoais passam em branco nas cartas paulinas. Paulo menciona que tem um espinho na carne, que podemos supor uma grande tentação (II Cor 12, 7-9). São Paulo manifesta as suas fraquezas não para escandalizar aos cristãos a quem se dirigia, mas para mostrar o poder da graça de Deus que atua naqueles que se entregam com confiança: "Tudo posso naquele que me fortalece" (Fil 4, 13).



Como é difícil ser humildes para nós, cristãos atuais, que vivemos num ambiente onde aparecer, sobressair, ser reconhecido, é tido como ideal, como objetivo de vida. O exemplo de Paulo e de tantos outros santos nos mostra que é possível reconhecer a própria pequenez humana sem menoscabar a graça de Deus. Mas não tenhamos vãs ilusões: o caminho para a humildade e para a autêntica imitação de Cristo é difícil e marcado pela renúncia pessoal. O único caminho é o amor, um amor real a Cristo, como o de Paulo, capaz de nos levar até as maiores renúncias: o amor tudo pode, tudo suporta (I Cor 13, 8).

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